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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Maternidade realista


Antes de começarem a ler, um aviso: isso não é um post! É uma confissão. Dessas bem realistas, claras e sem entrelinhas. Esse é o tipo de coisa que se fala na terapia e não no blog para o livre julgamento de todos.
Mas, o que é esse blog senão a forma mais moderna de terapia gratuita?
Então, não me julguem. Sou uma reles mortal.

Os primeiro dias pós-parto são um misto de paraíso com a fase mais trash da sua vida. Você se procura, procura, procura e não acha. "O que sou, além de fartas mamas aguardando o próximo choro da cria?"
Vivendo de camisola, para cima e para baixo. Aproveitando cada segundo de sono da pequena para desmaiar também. Apenas um banho diário para manter a dignidade... Sem vaidade e vivendo uma rotina, digamos, insana, onde dia e noite se confundem frequentemente.

A vida vira e desvira do avesso em poucos dias. Te faz pensar como amor e dor podem rimar tão bem e como você é capaz de se doar mais do que qualquer dia você pode imaginar.

Você percebe que ter um filho não é lá muito parecido como quando brincava de boneca na infância. No final da brincadeira era só guardar tudo e ir dormir. Além disso, quando a boneca chorava você sempre sabia que era só colocar a mamadeira na sua boca que ela se aquietava. Ninguém brincava de dar o peito pra boneca. Na vida real, o misto de prazer e dor da amamentação, já choramingada aqui em um post anterior, me faziam pensar frequentemente: "... lá vem aquela boquinha de gilete de novo..."

Mas no final, só de sentir aquela respiração no ombro, ver aquele ensaio de sorriso meio torto, aquela conversinha sem sentido do vídeo anterior.... Sabe, o amor vai nascendo, mágico, aos poucos com o passar dos dias. Sei que nunca mais vou esquecer como ela era tão pequenininha e como ficava com o corpo mole depois de mamar.

Aos poucos a gente se encontra. A parte mãe dá espaço para a parte esposa, companheira, engraçada, amiga, irônica, festeira, jogadora de pôquer, imagem e ação, perfil e afins...

Não vou defender nunca aquele discurso de que ser mãe deu real sentido a minha vida. Antes de tudo isso minha vida já tinha sentido, amava ser esposa, amiga, viajante, assistente social, voluntária, espírita e por aí vai... Amava e amo, pois aos poucos vamos conciliando todos esses papéis, voltamos a viajar, voltamos a ter desejo, voltamos a bater perna no shopping e a tentar jogar alguma coisa no fim de semana.

Quero viver uma maternidade realista, dessas que sabe curtir a delícia, mas que também vê o sacrifício. Dessas que ainda tem vontade de dormir o domingo inteiro e curtir um filme do início ao fim sem ser interrompida por um chorinho.
Ser mãe é se sentir completa pela vinda desse serzinho e incompleta tentando se encontrar nesse novo papel.

Ser realista não é amar mais ou menos.
É amar de verdade, do meu jeito, do jeito que me construo.
Dia após dia.

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