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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Parte 3 de 6 - Relato de Parto Domiciliar - Nascimento da Pérola


Uma das coisas que também nos fez decidir pelo parto em casa, foi incluir nossa filha Anastácia em todo o processo. Depois da euforia de descobrir a gravidez veio aquele medo do novo bebê deixar a Anastácia de lado. Daquele bebê mudar a nossa relação. E para isso queríamos incluir a Anastácia em tudo: explicar para ela sobre a vinda da irmã, participar dos pré-natais e é claro, porque não, do parto!
Queria que ela visse aquele barrigão ir, e o bebê sair, como deve ser, de forma natural. Sempre pensei como deve ser estranho a mamãe sair com um barrigão de casa e voltar depois de um ou dois dias com um bebê nos braços, que a partir daí vai ocupando todos os espaços que antes pertenciam só à criança mais velha.
Penso que vivenciando o parto juntos esse processo de receber um irmão se torna um pouco mais natural e menos difícil para a criança.
E enfim, somos uma família, tão importante quanto a presença do pai e é claro da mãe no parto, deveria ser a presença dos irmãos recebendo essa nova vida. Nós não estaríamos completos sem ela ali.



Setembro havia chegado, e junto dele toda a ansiedade para a chegada da Pérola.
Há alguns dias eu já respondia a pergunta: "Vai nascer quando?", com "- Há qualquer momento!"... apesar de ninguém ficar satisfeito com essa resposta.
Aprendemos a controlar tudo no mundo, e o nascimento é só mais uma dessas coisas. Só quem espera pelo parto normal, sabe o que é entregar todo esse controle nas mãos da natureza e simplesmente: esperar... E para mim em particular, que adoro planejar e controlar, isso sempre foi um aprendizado e tanto, desde o nascimento da nossa primeira filha.

Eis que chegamos a 37 semanas de gravidez e recebemos a lista de material para o parto em casa. E eu que achei que era só chegar em casa e parir! O material era simples: panos de chão, toalhas, plastico para a cama, piscina, mangueira, aquecedor, tapetes higiênicos, panelas e gás para esquentar água, absorvente, dentre tantas outras coisas. Isso sem contar todo o material que as enfermeiras trazem no dia, lanterna, monitor fetal para verificar os batimentos cardíacos do bebê durante o trabalho de parto, material de sutura, material de emergência para o bebê,  e etc.
Aos poucos fomos providenciando tudo que cabia a nós e organizando tudo numa caixa para o momento do parto. E essa dica foi valiosa, pois com tudo organizado na hora do parto em si não precisei me preocupar com mais nada, só em vivenciar a dor e parir. Além disso, as enfermeiras fazem uma visita domiciliar com 36 semanas em que junto com os pais pensam onde armar a piscina inflável, como levar água quente, como manter o ambiente aquecido e toda a infra-estrutura para o parto.
Enfim, minha casa viraria por algumas horas uma espécie de sala de parto mesmo. Com toda a estrutura necessária para o parto e pós parto*.

Eu já não estava mais trabalhando e no domingo "encerrava" minhas obrigações com o mundo para me dedicar somente à Pérola. Estava ajudando a organizar um festival de tortas beneficente e passei o fim de semana envolvida nisso, andei pelo CEASA, pelo Taguacenter, passei a tarde de domingo sassaricando pelo salão do evento... e acho que tudo isso foi um estímulo para meu corpo começar seu trabalho.
Já havia uma semana que a Pérola estava "encaixada" (fixa na minha pelve), o que me fazia andar igual uma pata, sentar com as pernas abertas e fazer xixi o tempo todo... e tudo isso também já eram sinais de que o parto estava cada dia mais perto.
No sábado eu sentei na poltrona de amamentar, e o Rafael tirou uma foto minha na mesma posição que havíamos tirado há um pouco mais de  2 anos atrás, em 28 de maio de 2012 quando eu estava grávida da Anastácia. Exatamente 2 dias antes dela nascer. Brincamos então, que a história se repetiria, e que dali a dois dias a Pérola devia nascer. Um mês antes o Rafael, durante a consulta, havia "brincado" também com as enfermeiras que a Pérola ia nascer no dia 08 de setembro, porque eu não ia parar quieta durante o festival de tortas e no outro dia deveria entrar em trabalho de parto. "Eu conheço ela..." profetizava ele.

Na noite de domingo quando cheguei em casa eu estava literalmente "acabada"... as pernas e a lombar doíam bastante e fui dormir relativamente cedo (22 hs) para descansar e ver se as dores passavam.
Dormi um sono pesado, até as 02:46hs da madrugada, quando fui acordada por uma dorzinha diferente...
E o dia 08 de setembro nunca mais seria o mesmo para nós.

Continua...


  (*Parto domiciliar planejado é seguro, não é bagunça! rsrsrs... A Organização Mundial de Saúde e a Federação Internacional de Ginecologista e Obstetras respeitam o direito de escolha do local de parto pelas mulheres e reconhecem que, quando assistido por profissionais habilitados, há benefícios consideráveis para as mulheres que querem e podem ter partos domiciliares. A OMS reconhece como profissionais habilitados para prestar assistência ao parto tanto médicos obstetras como enfermeiras obstetras e parteiras e recomenda que as mulheres podem escolher ter seus partos em casa se elas têm gestações de baixo-rico, recebem o nível apropriado de cuidado e formulam planos de contingência para a transferência para uma unidade de saúde devidamente equipada se surgirem problemas durante o parto.)




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