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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Relato do Parto - Parte 5 de 7



É essa hora que separa os meninos dos homens, diria o maridão. Ou como convinha naquela hora: as meninas das mulheres.
Sim, a dor. Se durante a gravidez eu já "trabalhava o psicológico" para vivenciar a dor do parto, aquela era a hora decisiva. Quanto de dor eu era capaz de suportar?

A dor do parto será sempre um mistério para quem nunca a vivenciou. Me disseram uma vez que é uma dor de cólica, multiplicada por cem. Me disseram que é uma dor suportável. Me disseram também, ser insuportável. Já compararam com um tijolo saindo da "perseguida", já imaginou? Ou uma melancia saindo pelo buraco do limão (hã?).
Mas, o que é a dor para cada um? Já ouvi dizer que dor nos rins é a pior que existe. Nunca senti. Dor de dente. Nunca senti também. Cortar o dedo no papel. Bater o dedo e a unha cair. Dor de saudades...
Acho que dor é algo intraduzível, indescritível. Sabe quem sente. E cada um sente de uma forma.
Por isso não se assustem, ou se acalmem, com a minha visão da dor ou do parto.

Sim, havia chegado a hora de encontrar meus monstros, meus limites. Seria só eu, mesmo que o maridão estivesse lá para segurar minha mão. Só eu era capaz de dizer até onde iria, e se iria. Precisava vencer o medo e a dor para chegar onde queria.
Quantas mulheres já passaram por isso? Eu pensava a cada contração. Minha tataravó, minha bisavó, minha vó, minha mãe... E era pela força de todas essas mulheres, que estávamos ali, agora, eu e minha filha.

Entramos no quarto. Acho que já eram umas 15:30 hs. Logo as contrações começaram. Vinham bem devagar, nem me incomodavam. Enquanto isso eu conversava com o maridão e a cunhada que apareceu no quarto, achando que a menina já havia nascido. Maridão reclamando que estava com fome. Pediram um lanche para os dois. E eu ali, na seca. Só no soro e na ocitocina.

Logo me encaminharam para a Cardiotocografia. Exame chato. As contrações começaram a ficar bem doloridas.
Me colocaram deitada de costas. Quando eu deitava assim a neném subia em direção ao meu peito e apertava minhas costelas. Doía demais, isso antes de estar em trabalho de parto. Agora imagina essa dor aliada a uma contração! Tentava me concentrar no exame, tava difícil. A técnica de enfermagem me deu um botão que eu devia apertar quando a neném mexesse. Mas quem disse eu sentia ela mexer? Só sentia a dor da contração e a dor na costela. Já tinha uns 20 minutos que estávamos ali. A cada contração eu apertava bem forte a mão do marido. Uma hora até tentei morder. Ele não deixou, me deu um pano.
O exame não estava progredindo como o esperado, eu precisava sentir ela mexer! Não sentia. Comecei a apertar a merd#*& do botão a cada contração. A médica chegou, disse que realmente o resultado do exame não era satisfatório, o coração dela não respondia adequadamente durante as contrações.
Acho que foi mais ou menos aí que eu soltei pro maridão:
- Será que não é melhor fazer logo uma cesárea?
- Calma, vai dar tudo certo. Vai ser normal.

A médica pediu para me virar de lado. Ufa! Que alívio... até as contrações pareciam mais tranquilas nessa posição. Foram mais uns 20 minutos no exame. O aparelho conseguiu pegar melhor o batimento cardíaco da bebê, e... estava tudo certo!
Enquanto ainda estava deitada, a médica fez outro toque.
- 5 cm!
Já estávamos na metade do caminho! Maravilha!
E passou mais dois remédios no soro (plasil e buscopan) para agilizar o processo.

Me levaram de volta para o quarto. Quando chegamos o maridão comeu o lanche apressado, um X-alguma coisa e um copão de suco. E eu lá, a boca até seca de vontade de tomar pelo menos um copo de água.

Era umas 17:30 hs. Continuei curtindo minhas contrações.
- Deita - o marido falava.
- Pede uma bola para fazer exercícios - falava a cunhada.

Eu não aguentava deitar. Não queria fazer exercício nenhum. Só queria "curtir" aquela dorzinha. Que vinha e ia. E era totalmente suportável, tranquila. Era só um "ai ai ai ai" bem baixinho a cada contração.
Eu só ficava pensando: quanto tempo mais iria durar? Será que ia demorar? Será que aquilo já era o ápice da dor? Ou viria algo pior?

Estava chegando o momento... O encontro entre o fim e o começo.


Continua...

......


"A dor do parto é uma dor muito sábia. Vem e vai a cada contração, como as ondas do mar, oferecendo um tempo abençoado para respirar e descansar até o proximo mergulho. Aos poucos a maré sobe e as ondas crescem, ficam imensas e precisamos da humildade da entrega, de oferecer corpo e alma à prova máxima da natureza humana."

Eleonora de Moares

3 comentários:

  1. Agda fiquei dois dias com contração sem soro..a tal dor suportável qe vem e vai,..qndo a médica colocou o soro, pelo q eu tbm havia me informado e sabia, não era coisa agradável de sentir e havia razão..com o soro as contrações aceleram.fiquei meia hora com soro e de 5 dilato pra 7 e a cabeçinha da minha filha jaa dava pra ser notada.

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