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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Duas cartas sobre um mesmo ano (afinal, toda história tem dois lados.)

Carta sobre seu primeiro ano

 Hoje, exatamente  às 18:52 hs você completou 1 ano de vida. Exatamente nesse horário cantamos o seu primeiro parabéns, com direito a mãe atrapalhada e olhos marejados de emoção.
Sabe, minha filha, sempre quis ser mãe, mas não tinha noção do que seria ter você em minha vida. Me lembro ainda do ultrassom, com apenas 12 semanas em que me abracei ao seu pai chorando e dizendo “ela é perfeitinha”, meu coração chorava aliviado em ver você se desenvolvendo com saúde.
Preparei cada detalhe da sua chegada, sonhei com você ali naquelas roupinhas, dormindo naquele berço. Seu quarto cheio de passarinhos a voar, lembrando que você tem um ninho sempre aqui para te acolher e proteger, mas que você será livre para voar e fazer suas próprias descobertas (dentro dos limites que sua idade impõe, é claro!)
Quando você nasceu era tão branquelinha, magrelinha e para minha surpresa... tinha muito cabelo! Todos que olhavam diziam que era a “cara da mamãe”. Porém, poucas semanas depois você foi ganhando peso e cor... e ficou cada dia mais a cara do pai! Vai entender a natureza...
Eu, uma mãe recém-nascida, era toda atrapalhada no início, uma confusão de sentimentos, amor, carinho, preocupação, nervosismo. O leite demorou a descer, você demorou a pegar o peito direito, a tal da amamentação foi nosso primeiro desafio juntas. Mas vencemos, e você mamou exclusivamente até os 6 meses.
Com dois meses você já ensaiava os primeiros sorrisos para mim, com três meses começou a chupar o dedo e dormir a noite inteira, com quatro se sentou pela primeira vez. Logo vieram os primeiros dentes, acompanhados de dias chatos de febre e choro, chegando à 8 lindos dentinhos no alto dos seus um ano de idade. Com nove meses começou a engatinhar e já está ensaiando os primeiro passos.
Sabe, você é um bebê tranqüilo, alegre e simpática com todos. Está sempre sorrindo, dando aquela sua gargalhada tão original. Se esconde entre as mãos logo de manhã querendo brincar de “achou”. A noite, após uma mamadeira quentinha, deita no berço e fica chupando o dedo até o sono chegar. E nos dias em que o sono não chega, eu acalento você em meu peito até que você durma.
Você gosta de assistir ao DVD da Galinha Pintadinha, dançando e batendo palmas alegremente. Tem a mania de morder a língua. Gosta de sentar no chão da sala e fica curiosa mexendo nos brinquedos, encaixando as peças, e nanando as bonecas. Antes de um ano você já “largou o peito” por vontade própria e logo se adaptou a um mamá bem quentinho antes de dormir. Faz bico quando brigo com você porque jogou alguma comida no chão, normalmente banana ou bolacha. Um bico tão lindo que dá vontade de rir...
Aos 11 meses você conheceu o mar. No primeiro dia você adorou as ondas que chegavam nos seus pés, engatinhou na areia e ficou batendo as mãos na espuma das ondas. No segundo dia você levou seu primeiro caldo, foi “batizada” pela mãe natureza... Que viagem boa... você não queria sair da água, às vezes só se entregava ao cansaço quando já estava cochilando na bóia. Se mostrou uma excelente companheira de viagem, se divertiu e estava sempre tranqüila e disposta.
Minha filha, só tem um ano que você está aqui e é tão difícil imaginar a vida sem você... como é bom te conhecer a cada dia, descobrir seus gostos, seu jeitinho de ser.

Feliz aniversário minha pequenininha, que você continue a crescer com muita saúde! Juízo, heim?
 
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Carta sobre meu primeiro ano

 Hoje, exatamente  às 18:52 hs você completou 1 ano de vida. Exatamente um ano atrás eu não imaginava ainda o que era isso, o que era ser mãe. Era eu, uma mãe recém-nascida perdida no meio de tantas emoções. A alegria de ter conseguido o tão desejado parto normal. E a frustração do leite que não desceu no primeiro dia. E não desceu no segundo dia, nem no terceiro, nem no quarto... só lá pelo seu quinto dia de vida é que o tal do leite “desceu”. Enquanto isso você mamava e chorava, e bebia NAN na colher... e eu me desmanchava em lágrimas com as rachaduras no peito.
Como era bom olhar você dormindo, sentir seu cheirinho doce... Já sinto saudades de ter um bebezinho frágil nos braços. E quase não me lembro mais como era aquele chorinho de recém-nascido pela casa. Como era difícil ouvir seu choro e não saber o que era. Como era desesperador isso de ser mãe. Não dormia direito, não comia direito. Todas as vezes que eu me sentava para almoçar, lá vinha o seu chorinho me chamar à tarefa de ser mãe. Era fome? Era xixi? Era sono? Era colo? Era frio? Era calor?... Meu Deus, quantas possibilidades... se não era nada, então devia ser cólicas! Então lá vai massagem, movimento com as pernas, banho quente... Mas no fundo acho que aquele choro era a dor de mudar. Mudar dói, sair de um útero quentinho, vir para o mundo, ter que aprender a respirar, mamar e até a chorar... com certeza não deve ter sido fácil para você. 
Para mim também não foi, minha filha. Um dia você também vai passar por essa transformação. E vai chorar. O choro de uma mudança que nos faz crescer, que nos faz maiores por dentro. Que nos faz conhecer um amor maior do que podíamos imaginar. Um amor que nos anula, que anula nosso egocentrismo e nos faz pensar em um serzinho tão pequeno antes mesmo de pensar em nós. Um amor que desejei e que curto a cada instante. A cada sorriso que você me dá, a cada palma que você bate, a cada noite mal dormida ou dias de febre de muito choro e colo.
Hoje, pensando nesse um ano como mãe, tanta coisa me vem a cabeça... a gravidez, os enjoos, os banhos quentes para aliviar a dor nas costas, aquele barrigão... e pensar que era você ali dentro, sempre foi, você quietinha crescendo dentro de mim. O parto, os primeiro dias, a ajuda que recebi de todos, do maridão, minha mãe, sogra e cunhada principalmente. Lembrar dos 6 meses de licença maternidade, só eu e você, nos conhecendo dia a dia... as tardes em casa, as nossas saídas semanais ao Cinematerna, com direito a troca de experiência com a amiga-de-barriga e lanchinho delicioso no shopping. Um tempo em que você era tão pequenininha e redondinha e ficava aconchegada ao meu peito dentro do sling.
Sabe, minha filha, hoje entendo tanta coisa, entendo minha mãe, minha vó, minha sogra. Entendo o jeito delas de viver a maternidade, com todas as qualidades que tento imitar e os defeitos que me vejo repetir.
Entendo também as mães de filho único, entendo como é difícil abrir mão de si para receber uma vida. Imagina para receber duas, três ou até quatro vidas. Entendo como é difícil se doar, doar tempo, doar sono, doar preocupação, doar ansiedade e doar um pedaço da própria história para esse novo ser que vem. E vem com vontade, vai entrando, tomando espaço e preenchendo todos os cantos da casa e do coração. Mas a gente recebe tanto em troca, recebe tanto amor, sorriso e aprendizado que no final dessa bagunça ficamos quites, e esquecemos tudo num lapso de um sorriso seu.
Mas de tudo que a maternidade me ensinou, tem um ensinamento que é o que me deixa mais grata por ter aceitado essa tarefa: a fé. Só uma mãe com uma criança febril nos braços é capaz de vivenciar a mais pura fé. Aquela fé que nos faz rezar com lágrimas nos olhos e confiar a Deus nosso bem mais precioso. Não há noite de sono bem dormida que pague seu sorriso pela manhã quando a febre enfim passar...


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