(Anastácia com cara de: - Hã?!? A culpa é de quem?!?!)
Sei que ainda estou começando nesse terreno de maternidade,
mas eu tenho uma tese e tenho certeza que todas as mães irão concordar comigo.
Contra fatos não há argumentos: ser mãe é conviver cotidianamente com a culpa.
Sim, com a culpa! Essa de quem eu sempre escapei, com quem
eu sempre achei que não ia me envolver nunquinha nessa vida. Pois é, sempre
tive muito orgulho de ser bem resolvida com minhas decisões e atos... mas
depois de ser mãe, essa tal de culpa às vezes consegue um espacinho e entra!
Já começa na gravidez... não pode isso, não pode aquilo...
“você engordou 16 kg?”...
“vai querer parto normal?”.... “você está tomando coca-cola?”... “você vai
viajar com nove meses? E se o bebê nascer no meio da estrada?”... e por aí
vai.. por aí foi...
Tomei coca-cola a gravidez inteira, apesar de ter diminuído
bastante o consumo, não consegui parar totalmente, mas toda vez que eu pedia
uma Coca ouvia um monte, ficava com aquela tal de culpa martelando na minha
cabeça. Anastácia nasceu normalzinha da Silva... além disso não há uma só
pesquisa que comprove os malefícios da Coca-Cola durante a gravidez, pelo menos
não há no Google.. rsrsrs.
Então, por favor, exceto se essa for uma recomendação do
obstetra, deixem as coitadas das grávidas tomarem sua coca em paz!
Junto com o parto vem mais um monte de culpa. Se o parto foi
cesáreo, a mulher se culpa por ter tido medo de tentar o normal, sente culpa se
não entrou em trabalho de parto, por não esperar o tempo do bebê, sente culpa
se o parto não foi humanizado, se o bebê não pode ir ao peito ao nascer, se o
leite não desceu... eu já vi mulher se sentir culpada por não ter chorado no
parto!! E desde quando é obrigatório chorar? “Ah, mas que insensível, nem
chorou...”.
Por favor, me poupem.
Mas não acabou: culpa se o bebê não ganhou peso, se o bebê
não dorme a noite inteira, se tem cólicas (você deve estar comendo alguma coisa
que está dando cólicas nele!), culpa por se sentir cansada (tem que estar
sorridente e realizada sempre!)...
Ah, tem culpa suficiente para os 6 meses de
licença-maternidade!
- Sua filha chupa dedo? Não pode!
- Sua filha ainda não anda? Você não estimula ela?
- Você ainda não conseguiu perder os kgs da gravidez?
- Ele dorme de bruços? Não pode, vai morrer no meio da
noite!
- Chupa chupeta? Tira logo, vai ficar com o dente torto!
- Você dá papinha industrializada? Faz mal!
- Congela papinha?? Não pode! Tem que fazer na hora!
E, não se preocupe, acabando a licença-maternidade, você
recebe mais um bocado de culpa de presente!
- Como você tem coragem de deixar que outras pessoas criem
seus filhos?
- Você trabalha fora?
- Sim.
- E ele fica o dia todo na escola?
- Sim.
- Ai, que dó!
- Que pena que você tenha que trabalhar…
- Ela fica na creche? Coitada! Vai viver doente!
- E não tem jeito de você ficar com ela?
- Assim é fácil colocar filho no mundo, para os outros
criarem!
E deve ter mais um monte de culpa que eu nem conheço e nem
quero conhecer!
E sabe de quem é a culpa disso? De nós mesmas, mães e
mulheres, dessa patrulha louca que adora comparar um filho com o outro... e
sim, infelizmente, às vezes também me vejo sendo cúmplice disso!
E como resolver isso? Não sei! Bem vinda ao maravilhoso
mundo da maternidade!
Mas, para começar a achar uma solução para essa triste tese,
acho que é essencial reduzir expectativas sobre nós mesmas e sobre nossos
filhos... e afinal, relaxar! Ser mãe como dá pra ser, seja chupando o dedo e
dando uma papinha industrializada de vez em quando, seja deixando dormir tarde
para esperar o papai chegar do trabalho, ou indo dormir na casa da vovó sem
culpa para poder fazer um programinha de casal, trabalhando fora se preciso for,
dando o peito até quando der... e por aí vai.
Enfim, uma maternidade mais livre! É o que desejo para todas nós!