Bebê recém saído do útero + mãe de primeira viagem = essa cara é de prazer ou dor?
Sabe, me preparei friamente para a dor do parto. "Trabalhei meu psicológico" para isso.
Preparei meu corpo e alma. Passei tranquilamente por essa fase, conforme já desabafado aqui em 7 relatos.
Mas aí veio a amamentação. E junto com ela a dor mais intensa que eu já havia sentido. Dessas de dar vontade de bater com a cabeça na parede.
Amamentar precisa ser antes de tudo uma escolha. Uma escolha pessoal, diga-se de passagem. Da mãe, mulher e mamífera que vos fala. É claro que o apoio do maridão e da família são essenciais. Mas essa escolha deve ser pessoal, e deve ser agarrada com unhas e dentes, senão se desiste no primeiro seio rachado.
Minha saga: primeiro, o leite demorou a "descer". Nada fora do normal, mas o suficiente para uma mãe despreparada se desesperar levemente. Eu disse levemente. Depois me explicaram que é normal o leite demorar até 3 dias para descer e que para o bebê o colostro é suficiente nesses primeiros dias de vida. Mesmo assim, o pediatra passou um complemento (o famoso NAN). Demos o complemento por uns 3 dias, mas só quando ela chorava muito e depois de deixar ela sugar muito o peito. Nesses primeiros dias o peito ainda não havia rachado e não doía tanto. Era suportável.
Depois lá pelo 4º dia, o leite desceu. Aí foi só alegria. Ou não.
Bom, os dois seios feriram simultaneamente e eu sentia muita dor ao dar de mamar. Suportei tudo calada. Mentira. Chorei muito. Chorei escondida no banheiro. Chorei aos prantos abraçada ao maridão. Chorei antes de colocar o peito na boca dela. Chorei calada, lágrima rolando enquanto ela se deliciava no peito.
Não tenho vergonha disso. Não desisti. Suportei cada segundo de dor e continuei a alimentar minha cria. Como toda mãe que a natureza preparou: com útero, ovários e mamas para a deliciosa tarefa da maternidade.
O que aprendi:
(ou melhor, estou aprendendo...)
- Prepare seus seios: tome sol nos seios durante a gestação, faça o bico (caso você não tenha), passe/esfregue bucha vegetal durante o banho e faça qualquer outra simpatia que sua vó ensinar. Vale de tudo para preparar os seios para essa árdua tarefa.
- Esqueça a vergonha e a timidez: uma hora ou outra todos verão suas peitolas, isso é inevitável. Acostume-se com a ideia!
- Beba muita água!
- Ajude o bebê a fazer a "pega" correta. Isso quer dizer, auxiliar ele a abocanhar a maior parte de auréola possível. Vale empurrar mais pele para dentro da boca enquanto ele mama. Ou sair puxando com o dedo os lábios do bebê para fora (fazendo a famosa boca de peixinho). Nesse quesito vale também ver vídeo no You Tube ensinando.
- Sutiãs de amamentação nunca serão sexys! Mas, em compensação, você ficará com seios fartos, dignos de Pâmela Anderson.
- O correto é bebê no peito e não peito no bebê. Senão você ficará igual eu, toda dura e retorcida tentando chegar o peito no bebê e no final ainda ficará com uma baita dor na coluna!
- Coloque o bebê em diversas posições para mamar. Cada vez que o bebê mama, sua boquinha pega em determinadas partes do seu peito/mamilo. Mudando de posição, a cada mamada essas partes serão outras, aliviando a dor, caso o seu peito esteja machucado.
- Manter a calma. Você não é e nem será a última a passar por isso, e acredite, essa fase vai passar! O peito vai cicatrizar, a dor vai sumindo e o prazer de amamentar vai surgindo!
- Passe pomada de lanolina pura, ajuda e muito! E passe também o próprio leite no mamilo após cada mamada, dizem que é cicatrizante!
- Não entre em pânico, isso não resolve nada!
- Relaxe! Se entregue! Se depois de tudo você ficar com os peitos murchos e caídos, você faz uma plástica! Afinal, vivam os avanços da ciência!
Um seio ainda está rachado. O outro praticamente cicatrizado, mas com uma leve dor ainda.
Amamentar não tem preço. Sei que vai valer a pena, cada dor, cada rachadura, cada lágrima. Ver a minha pequena com o corpinho mole depois de cada mamada, aquele leitinho doce escorrendo no cantinho da boca. Matar sua sede, saciar sua fome.
Estou aprendendo dia após dia a suportar a dor. Dor maior do que eu já achei que poderia suportar. Por uma causa maior. Estou aprendendo a me doar. Aprendendo que não tenho controle.
Aprendendo que tenho escolha. E ela é minha escolha maior.
Aprendendo que tenho escolha. E ela é minha escolha maior.